CRÔNICAVENTURANDO-ME.
Ela saiu toda perfumada, me deu só um beijinho e simplesmente se foi. É
verdade que ela voltaria dentro de 24 horas, mas parecia que a ausência dela
duraria toda a eternidade, tanto é que perdi o sono e no primeiro dia de minhas
férias eu acordei às seis horas da manhã.
Tomei uma ducha rápida, busquei o jornal e como é comprovadamente
impossível ler jornal sem tomar café, peguei uma xícara, apertei aquele botão
mágico da garrafa térmica e, inexplicavelmente, não saiu nada.
Coloquei água para ferver e comecei a ler o jornal. Li a página de
esportes, as notícias internacionais, as nacionais, passei pro caderno de
economia e depois li todo o caderno de cultura. Li detalhe por detalhe, anúncio
por anúncio, e só depois me lembrei da água.
Saí correndo desesperado. No caminho escorreguei no tapete, bati a cabeça
no fogão e a caneca caiu em cima de mim, mas, ufa, ela estava vazia. Ei, espere
aí, vazia? Vazia? Eu demorei tanto lendo jornal que a água evaporou-se toda.
Desisti de tomar café e fui procurar alguma coisa pra fazer. Peguei a
mangueira e lavei o carro, o cachorro, o jardim, a varanda, a calçada e, quando
os vizinhos já iam me denunciar por crime contra o Planeta, o estômago me fez
parar.
Joguei alguns hambúrgueres na frigideira, procurei a lata de arroz e não
a encontrei. Até que algumas latas de alumínio em cima do armário me chamaram a
atenção: só podia ser elas.
Elas porque eu também não havia achado a lata de feijão, a de açúcar, a
de farinha... Peguei uma cadeira, subi nela com uma enorme precaução, estiquei
a mão, segurei a vasilha com a pontinha dos dedos e, claro, escorreguei.
Levantei-me furioso, peguei uma das latas e, sem pensar, atirei-a contra
a vidraça, distribuindo cacos para a vizinhança toda.
Foi só depois de cinco minutos que reparei que tinha aumentado o prejuízo
e a sujeira. Limpei tudo rapidamente, liguei para o vidraceiro e caí na real: não
tinha arroz, não tinha feijão e é claro: não tinha almoço.
Ah, mas pelo menos tinha os hambúrgueres. Destampei a frigideira e um
cheiro horrível de queimado invadiu a casa toda. Mandei a frigideira para o
quinto dos infernos (bem melhor do que mandar na outra vidraça) e fui almoçar
num restaurante.
Almocei vagarosamente, na volta ainda fiz o sacrifício de passar na
locadora e voltava a passos lentos quando lembrei que o vidraceiro já devia ter
concluído seu trabalho e esperava por seu pagamento.
'Apertei' os passos e quando cheguei na esquina de casa quase desmaiei:o
quarteirão estava lotado de viaturas do corpo de bombeiros, da polícia e do
resgate.
Eu havia esquecido o botão do fogão ativado e o resto é cinzas. Ah, o
vidraceiro, coitado, morreu. Eu? Eu esperei minha mulher na cadeia, acusado de
homicídio culposo e torcendo pra ela pagar a fiança antes de me deixar.
Mas de uma coisa nunca vou me esquecer: cozinha é lugar de mulher, e
elas merecem os parabéns por isso.
2 comentários:
Oi Misa essa homenagem que vc fez as mulheres, cara é muito ilariante, enquanto lia ñ parava de rir é ótima mesmo parabéns, é vero os homens ñ vivem sem as mulheres principalmente na cozinha, claro com alguma exeção, mas isso é a minoria ñ vale a pena nem citar nomes rsrsrs.
Vc está de parabéns seu blog é dez.
Bjs e fica com Deus e lembre-se vc é especial.
a
Postar um comentário