quinta-feira, 26 de abril de 2012


SORRIA. VOCÊ ESTÁ SENDO JULGADO. 

Em um mundo cada vez mais conectado, muito se fala dos benefícios da rapidez da informação e da troca de conhecimento. Muito se fala do contato com pessoas de qualquer lugar do mundo e experiências resumidas em 140 caracteres. E todos aplaudem de pé. É o futuro virando realidade, dizem.

Só que, de repente, todo mundo virou “cool”, descolado. Passam o dia inteiro tentando criar um trocadilho. E precisam disso. São famintos por #FF, retuítes, likes e por aí afora. A rede, coitada, virou um divã público, onde todos reclamam de tudo e dão conselhos sobre qualquer coisa. Inclusive sobre o que reclamam.
E já não basta estar online. Precisam participar de tudo, ser convidados para todas as festas, dar pitaco em todas as conversas, confidenciar fofocas pelo chat, “adêdê” a “Soraia Gostosa – Lotado – Add perfil 2” e meu, vai por mim, se ela fosse gostosa não precisaria sair contando.

Sobrou até para as segundas-feiras que agora seguem um padrão: todos “sobem” as fotos do churrasco de domingo. E a maioria das fotos é recortada, maquiada e tratada. É que sempre apagam a tia gorda segurando uma cerveja barata que saiu sem querer. E, claro, todos tuítam pedidos pro santo da preguiça fazer com que o sábado chegue logo e que o chefe fique fora a semana toda. Eu até criei uma teoria: ou ser cool é chato demais ou todos sempre foram ranzinzas, mas só agora encontraram um lugar para desabafar. 


É por essas e outras, meu amigo, que prefiro ser careta. E minha vingança é saber que daqui algum tempo todos também vão querer ser. Vão descobrir que a rede está aí para multiplicar conhecimento, compartilhar informações relevantes, incrementar a lista de contatos úteis e, principalmente, para que cada um acrescente algo que faça sentido.

O fato é que o mundo mudou muito, sim, e se tínhamos uma boca para dois ouvidos, agora temos dez dedos para um cérebro. Mas não se engane: os dedos podem ser maioria, mas o cérebro foi feito para controlá-los.

Pense muito, digite o suficiente.


*Artigo publicado no Blog da KMS no dia 04 de novembro de 2011.  


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